Eu não sei você, mas sinto nesse discurso de Samuel uma certa mágoa, um certo desconforto por ter sido rejeitado pelo povo. Ele já havia dado sinais de seus sentimentos antes (8:6-7). Samuel deu toda a sua vida em favor de Israel, mas isso não tinha sido o suficiente para o povo. Eles queriam ser como as outras nações. Queriam um rei, e não um juiz. Então Samuel, resignado e obedecendo às ordens de Deus, estava prestes a passar a faixa de comando para Saul, definitivamente. Mas antes, era necessário um acerto de contas.
Com coragem de quem tem a "ficha limpa", Samuel confrontou o povo e ficou exposto ao escrutínio público (3-5). Não teve medo, simplesmente porque sabia que ninguém tinha nada contra ele. Isso é que é integridade! E depois de ouvir do povo que era inocente, Samuel desceu o sarrafo (12). E fez um alerta: Obediência = sucesso! Rebeldia = destruição. Simples assim!
Então a Bíblia mostra a humildade de espírito do Samuel. Ao ser ouvido pelo povo, o profeta se recuperou do baque e teve nova oportunidade de demonstrar sua integridade, orando em favor de Israel e ensinando o povo a fazer o que é certo (20-23). Recebeu uma punhalada nas costas - revidou com amor incondicional!
Troféu "bola-murcha"
Leia: 1º Samuel 13
Não se pode negar que Saul estava sendo usado por Deus. E não se pode negar também que, no campo de batalha, Saul era corajoso e leal a Israel (14:41-48). No entanto, o rei tinha problemas no caráter que acabaram o levando à desgraça. Saul era feroz contra os filisteus, mas morria de medo dos seus irmãos israelitas, seus súditos. E mais: tinha uma necessidade tão grande de agradar a todos e ser querido que fazia coisas absurdas para atingir esse objetivo... inclusive ir contra as ordens de Deus.
Samuel mandou Saul esperá-lo por uma semana, até que chegasse a Gilgal para oferecer o sacrifício a Deus e abençoar o povo para enfrentar a batalha contra os filisteus. Mas, quando o rei viu que o povo ia se dispersando, que Samuel demorava mais do que o previsto e que a ameaça da proximidade do inimigo vinha se concretizando, o cara surtou e ofereceu ele mesmo o sacrifício. Apesar de ser de Efraim, Samuel havia sido entregue para o serviço de Deus muito novo e, tendo sido criado pelo sacerdote Eli, tinha autoridade de levita. Mas Saul não tinha nada disso. Ele não incorporava as funções de sacerdote e rei de Israel. Portanto, o sacrifício oferecido por Saul era pecado, loucura total. E por conta disso, tudo foi por água abaixo. Por um deslize, Moisés não viu a terra prometida... será que por conta dessa baita pisada de bola Saul escaparia ileso??? É claro que não (13). E essa foi só uma das primeiras mancadas de Saul... vem bem mais por aí! A partir daquele dia, Deus começou a preparar um substituto para Saul, alguém que era conforme o Seu coração (14).
Amargo mel
Leia: 1º Samuel 14
Antes de falar sobre o problemão que um pouquinho de mel deu, quero comentar alguns pontos:
- Jônatas, filho de Saul, era arretado! O rapaz entrou no acampamento dos espoões filisteus e deu-lhes uma sova. Matou trinta, com a ajuda do escudeiro. Na verdade, Jônatas só aparava, quem cortava mesmo era o servo do príncipe (1-14).
- Precipitação: essa terrível característica de Saul pode ser percebida ao longo de toooooda a sua história. Dá uma olhada nos versos 18 e 19. Metia sempre os pés pelas mãos, a carroça na frente dos bois, não fazia questão de consultar a Deus e não sabia esperar a hora certa! Por isso se lascava!
E foi uma desses momentos de precipitação, de falar sem pensar, de determinação sem sentido, que Saul prometeu matar quem comesse antes da derrota total dos filisteus. Só que, no final de um dia de batalha intensa, os soldados estavam brocados! Jônatas, que não tava ligado na nova regrinha do pai, foi lá na moral, pegou um pouco de mel e comeu. Na mesma hora, se sentiu super bem (24-30)! Outra coisa: os homens ficaram descontrolados por causa da fome, e passaram a pecar contra Deus, comendo carne crua com sangue (31-34).
Saul, muito sem noção, prometeu matar o culpado pelo pecado e derrota de Israel, mesmo que fosse o próprio filho! E não é que o Urim e o Tumim revelaram tudo?!? Saul estava chateado e, tomado de raiva, estava pronto para matar o próprio filho. Só que os soldados gostavam de Jônatas e o resgataram (45)... Ufa! Que sufoco!
Deus quer obediência
Saul sempre tentava "maquiar" suas deficiências... sempre mentia, omitia, racionalizava. Sempre tinha uma desculpa. Mas Samuel não caía no papo dele. A ordem de Deus era clara: detonar tudo o que era dos amalequitas. Tudo era para ser destruído. Mas Saul guardou as coisas mais valiosas, e deu a desculpa que era para sacrificar ao Senhor (20-21). Mas Deus não queria sacrifícios... Será que ninguém contou pra ele a história de Acã?
Samuel chegou chegando, como sempre. Deu uma baita lição de moral no rei, meio que chacoalhando o cara: "Pow, mano, tu é o REI. Não pode ficar agindo como se não tivesse responsabilidades. Se liga!!!" (17-19).
E então vem o texto clássico de 1º Samuel 22-23, que eu tenho que transcrever, na NTLH:
"Samuel respondeu: - O que é que o SENHOR Deus prefere? Obediência ou oferta de sacrifícios? É melhor obedecer a Deus do que oferecer-lhe em sacrifício as melhores ovelhas. A revolta contra o SENHOR é tão grave como a feitiçaria, e o orgulho é pecado como é pecado a idolatria. O SENHOR o rejeitou como rei porque você rejeitou as ordens dele."
O derramamento de sangue era necessário para o perdão dos pecados. Mas Deus tem outro tipo de lógica. Ele que OBEDIÊNCIA, porque assim, não seria necessário o sacrifício. Mas quem pode dizer que obedece a tudo o que a Bíblia manda, todos os dias? Somos pecadores desde o nascimento. É por isso que Jesus Cristo precisou morrer na cruz. Para pagar o meu e o seu pecado.
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