Tirem as crianças da sala
Leia: Gênesis 38
Antigamente, quando alguém se casava, tornava-se membro da família do cônjuge para sempre. Para evitar que uma moça viúva ficasse desamparada, o irmão do morto tinha o dever de se casar com ela. Além disso, os filhos que viessem a ter seriam considerados do irmão morto. Era uma forma de manter o nome e a linhagem daqule que já tinha partido sem a glória de ter tido filhos (lembra de Sarai, Rebeca e Léia? Mais ou menos o mesmo pensamento).
No verso 7, conhecemos o caráter de Er, filho de Judá. Ele foi morto por Deus, pois vivia uma vida perversa. A Bíblia não diz exatamente o que Er fazia, mas para o próprio Deus intervir e dar um "game over" nele é porque deveria ser muito barra-pesada! Onã, irmão de Er, partiu para cumprir sua obrigação de dar descendentes ao morto. Mas, ao invés disso, quis apenas curtir com a cunhada, e por isso também acabou morto (8-10). A Bíblia tem uns temas cabeludos, né? Veja, Onã, pilantra, praticava o coito interrompido para evitar que Tamar ficasse grávida. Tenha em mente também que ter filhos era ter mão-de-obra e força para construir patrimônio e defesa contra inimigos. Provavelmente, Onã não poderia exigir isso de um filho com Tamar pois, na prática, seria um descendente de Er... Que rolo!!!
Agora uma pausa: alguns usam esse texto para comprovar que a Bíblia condena o sexo apenas para o prazer. Isso é errado! A Bíblia condena o sexo fora da vontade de Deus. Se você tirar um tempinho para verificar o livro de Cantares de Salomão, ou o capítulo 5 de Provérbios, você vai ficar de queixo caído com os conselhos de Deus a respeito do assunto! Deus ordena que você se divirta fazendo amor, mas que seja com a sua esposa/marido e de maneira que glorifique a Ele (outros versículos: 1Ts 4:4-5; 1Co 7:3-5).
Mas o pior desse rolo todo com Tamar vem depois. Judá fica com medo. A mulher se torna uma viúva negra - quem casa com ela acaba morrendo! Ele promete que dará seu último filho assim que o garoto crescer, mas isso é apenas para enrolar a coitada, que volta para a casa dos pais, desamparada (11). E aí Tamar engana Judá e acaba engravidando dele (12-23), faz uma chantagem (24-26) e dá luz à gêmeos (27-30)... Tire as crianças da sala!!!
Um sonhador
Leia: Gênesis 37
Agora sim! Bora falar da vida de José. Sou fã desse cara! E espero conseguir mostrar a você a razão pela qual vale a pena se ligar nesta história...
Como José era filho de Raquel, ele era mais amado do que os filhos das outras mulheres. Acredito que Benjamim ainda era bem pequeno nesta época (alguns estudiosos levantam a hipótese de isso ter acontecido antes do nascimento do último filho de Jacó - teoria que eu assino embaixo). Quero destacar 3 pontos do comecinho da vida deste personagem:
- José era o queridinho do papai (3).
- José era odiado pelos seus irmãos, porque tinham inveja dele (4; 11).
- José não trabalhava pesado, só "fiscalizava" seus irmãos (final do 2 e versos 13-14).
José teve dois sonhos proféticos em que seus irmãos e pais (veja a possibilidade de Raquel ainda estar viva no verso 10) se curvavam diante dele, humildes (5-9). Isso despertou ainda mais o ódio dos seus irmãos, que tramaram a morte de José. Rúben, o primogênito, tendo compaixão do mais novo - mas sem peito para encarar os outros - tentou evitar uma tragédia, mas no fim das contas José acabou sendo vendido como escravo, dando até mesmo certo lucro pros malvados irmãozinhos (18-30). Detalhe na maldade dos caras, que depois de jogarem o pobre no poço, nem se importaram com os gritos de socorro e lágrimas do menino, mas sentaram para papear e almoçar! Filhos de Jacó mesmo né? Ao armarem uma farsa para encobrir o crime, quase mataram o pai do coração com a notícia da "morte" do caçula. E veja a dor de Jacó no verso 35!!!
Trabalhador qualificado
Nem queria puxar a sardinha pro meu lado, mas José se mostrou um grande administrador! Ele, que com apenas 17 anos, vendido para ismaelitas e depois para um oficial egípcio, desenvolveu excelentes competências e se tornou um exemplo de trabalhador para todos nós. José era um líder (4) responsável e diligente (6), honrado e íntegro (9). Um garoto que até pouco tempo nem pegava no pesado, agora orientava os servos de Potifar e mandava e desmandava por lá! Que diferença!
Acusações falsas
A mulher de Potifar (carinhosamente apelidada por um pastor amigo meu de "Poti-Safada") partiu pra cima de José, que era bonito e simpático (6b). Chegou junto e disparou na lata (7). Todos os dias ela dava em cima do rapaz, e ele fazia de tudo para não ficar perto dela (10). Quando o bicho pegou, ele não teve dúvidas... saiu correndo e deixou até a roupa (11-12)! Lições??? Vamos lá:
- Ninguém é o "bonzão", inatingível, quando o assunto é sexo. Todo mundo é tentado nessa área.
- Se alguém mexe com você, melhor manter distância.
- Antes da situação fugir do seu controle, vá embora e não olhe para trás!
- Sempre escolha agradar primeiro a Deus do que ao seu próprio corpo (essa é difícil).
Rejeitada, a mulher de Potifar armou maior barraco! Mentiu, acusando falsamente José. Potifar, se sentindo traído, trancafiou José na cadeia (13-20).
Maldição em bênção
Você era amado. Foi traído pelos seus irmãos, jogado num poço, depois vendido como escravo. Respeitou a mulher do seu patrão mas a filha-do-cão fofocou pra todo mundo que você tentou agarrá-la à força. Você foi preso, mesmo sendo inocente... Qualquer um ficaria chateado, desmotivado, mas não José!!! E sabe por quê? Porque Deus estava com ele (21). Deus tem lá o seu estilo de ensinar a gente, de nos fazer crescer. Ele tem a "Universidade do Quebrantamento" (Pr. Leandro Caiado). Ele quebra a gente pra fazer de novo, de um jeito melhor... E, mesmo nas piores situações, Deus estava agindo e abençoando José... e pode estar fazendo isso na sua vida agora mesmo!
José era tão bom em administrar que o carceireiro deixou a prisão aos cuidados dele! Ele deveria ter até as chaves das celas e da porta da frente! Mas veja como o homem é honesto! Não usou essa condição para fugir, mesmo sob a mais cruel injustiça. Ele foi fiel (21-23).
De sonhador a apanhador de sonhos
Leia: Gênesis 40
Dois servos do rei foram presos e tiveram sonhos distintos, na mesma noite. Sonhos que José interpretou corretamente, reconhecendo que esse dom vinha de Deus (8). O copeiro ia se dar bem, mas o padeiro ia perder a cabeça. Dito e feito: no niver do Faraó, o copeiro foi reintegrado à função (mega importante, aliás, já que o copeiro tinha que ser de confiança e provava tudo antes de levar ao rei, para saber se algo estava envenanado), mas o padeiro foi executado (12-21). Quero destacar aqui a sensibilidade de José, que percebeu que os homens estavam tristes e se importou com o problema deles (6-7).
O copeiro, reintegrado, esqueceu completamente de José (14; 23). Você já passou por isso? Ajudou uma pessoa mas, quando precisou de ajuda, ela lhe virou as costas??? Ô ingratidão!
De escravo a "zero-dois" do Faraó
O Faraó teve um sonho terrível, que nenhum mago, sábio ou vidente do Egito pode interpretar (1-8). Então finalmente a ficha do copeiro caiu e ele consertou a falha que cometeu contra José ao indicá-lo a Faraó (9-13). José se preparou para encontrar-se com o rei e interpretou o sonho, com a ajuda de Deus. Em pouco tempo, haveria no Egito 7 anos de muita fartura. Mas após esses bons anos, "de vacas gordas" (olha aí a origem de um dito popular!!!), viriam outros 7, de "vacas magras". Era preciso estar pronto pra isso, orientou José (14-36).
Os bons conselhos de José agradaram o Faraó e por isso ele foi nomeado governador do Egito, segundo no comando, com direito a desfile em carro aberto pelas ruas da capital e tudo (37-45). José cumpriu seu cronograma e coletou o excedente da produção de trigo, armazenando tudo. Havia tanto alimento que ele largou o controle de estoque porque não tinha mais como pesar tudo (47-49). E quando chegou os tempos de fome, o rei avisou: "Não quero saber de chororô, vão falar com José! Ele que é o responsável pelo Bolsa-Família aqui no Egito!!!" (53-57).
José teve dois filhos com a esposa egípcia que o Faraó lhe deu. Manassés ("esquecimento") e Efraim ("frutificar"). Eles nasceram antes do período de fome (50-52).