terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dia 011: Gênesis 27-30:24

Ladrão de bênção

Os mais antigos têm o costume de exigir que seus filhos e netos "tomem a bênção". É um sinal de respeito e que eu acho muito bonito, apesar de na minha família não termos essa tradição. Acho que a origem desse ato vem desses tempos imemoriais da Bíblia. A bênção era um momento especial, em que o chefe da família, antes de morrer, falava a respeito de cada um dos filhos. E o que ele falava, acontecia.

Orientado pela mãe (!!!), Jacó enganou o pai. A mente de Rebeca, digna de supervilã de minissérie dramática, bolou um plano infalível para que Jacó botasse as mãos na bênção que era de Esaú por direito - já que o filho mais velho tem prioridade (1-26). Isaque, já cego, mas muito desconfiado, acabou cedendo quando sentiu o cheiro das roupas de Esaú (que provavelmente deviam feder um bocado, já que ele era caçador e vivia no mato - verso 27).

Sem nenhum esforço, Jacó roubou a bênção que era de Esaú (a mesma que o peludão tinha "vendido" por um prato de sopa). Quando Esaú chegou para receber as palavras do pai, era tarde demais. Isaque, por amar muito Esaú, tinha dado toda a bênção de uma vez, e não guardou nada pro mais novo (30-37). O velho não contava que seria tapeado e forçado a trocar as bolas! Ao invés de boas palavras, Esaú recebeu maldição, e essa profecia de Isaque se cumpre até hoje. Edom, povo originário de Esaú, foi um inimigo histórico de Israel e seu território hoje responde pelos nomes de "Faixa de Gaza" e "Jordânia" (soa familiar??? - versos 39-40). Esaú sentiu muito por causa dessas palavras poderosas, numa cena que eu considero das mais desesperadoras da Bíblia (38). E planejou matar o irmão (#CainFeelings - verso 41).

Escada para o Céu

Jacó fugiu do irmão, indo para a casa dos pais de Rebeca. A partir de então, Jacó vai comer o pão que o cão amassou. Vai ser quebrado, moldado, perseguido, enganado... terá muitos sofrimentos e passará por dificuldades, até o fim da vida (desculpa pelos "spoilers"). Mas seu caráter vai ser transformado de acordo com a vontade de Deus. O Senhor tem métodos de trabalho não-ortodoxos...

No caminho, próximo à cidade de Luz, Deus se revelou à Jacó. Em um sonho, Jacó viu anjos subindo e descendo por uma escada que ia até o céu (10-13). Deus abençoou Jacó, novo portador da promessa (eu sempre penso numa corrida de revezamento: um vai passando o bastão para o outro, dando seqüência aos planos de Deus), e firmou uma aliança com ele (14-18). Jacó ergueu um marco (18), mudou o nome da cidade para Betel ("Casa de Deus") e firmou o pacto com Deus, inclusive a respeito do dízimo (verso 22 - mais uma vez, por vontade própria. Deus não pediu nem exigiu nada, Deus não precisa receber nada em troca pela salvação que oferece. Dar o melhor do que se tem é um desejo que surge no coração de quem ama a Deus, o desejo de participar de algo maior e de contribuir). E assim Jacó se encontrou com Deus pela primeira vez...

A primeira impressão é a que fica

Jacó seguiu o conselho da mãe e foi para a casa do seu tio Labão. Mas antes de chegarmos lá, quero destacar os versículos 8-10: quando o homem viu a moça, não teve dúvidas... tirou a pedra que cobria o poço (que era pesada) e rapidamente serviu os animais de Raquel. O que um cara num faz pra impressionar uma mulher...?!? Que coisa!

Laços de Família

Jacó se apaixonou perdidamente por Raquel, e se dispôs a trabalhar 7 anos por ela. A Bíblia diz que o amor era tão grande, que os anos pareceram poucos dias (20). Na noite de núpcias, porém, Labão entregou a filha mais velha (Léia) a Jacó, que no escuro, não percebeu nada... Só no dia seguinte viu que tinha sido enganado (opa! Sentiu o gostinho de ser apunhalado pelas costas, ô Jacó?!?). E Labão, muito malandramente, conseguiu fazer com que, aquele filhinho de mamãe que vivia dentro de casa, mimado, trabalhasse outros 7 anos pela mulher que amava. Agora, tempo de corrigir um equívoco: Jacó trabalhou sim, 14 anos por Raquel, mas ele não esperou todo esse tempo para se casar com ela (27-28; 30). Assim, Jacó teve duas esposas... que a propósito, eram irmãs.

Corrida Maluca

O sinal verde acendeu e as máquinas voaram na pista. A cada momento, um dos competidores ganhava a dianteira. E nessa corrida maluca, valia de tudo... Não, não é uma nova etapa de StockCar. Estou falando da emocionante disputa entre Léia e Rebeca para saber quem iria ter mais filhos de Jacó! Prepare o seu coração!!!

Foi loucura total! Léia saiu bem na frente, com quatro rebentos. Depois Raquel, estéril, entregou sua escrava Bila para ser sua "barriga de aluguel". Deu certo duas vezes. Léia percebeu que estava correndo risco e também entregou sua escrava (Zilpa) a Jacó, com quem teve dois filhos. Léia depois teve mais dois filhos na seqüência, e mais uma filha!!! Raquel tornou-se fértil e deu a Jacó um filho chamado José... e depois Benjamim, mas esse último fica para outro capítulo.

Há muitas pesquisas demonstrando que o ser-humano não é biologicamente preparado para a monogamia, assim como a maioria dos animais. Ainda que eu considere pertinente algumas proposições, acredito que o que nos diferencia dos outros seres é nossa capacidade de escolher e de domar nossos impulsos. A união monogâmica, ideal de Deus (como falamos a respeito da formação de um casal original - o que é teoricamente contraproducente, se você quiser povoar toda a terra), é mais adequada pois evita certos transtornos familiares horríveis, como ciúmes, inveja, disputas, preferências, desprezo, insegurança, brigas e discussões, depressão, tristeza, comparações, queda de auto-estima... quando nos sentimos deixados em segundo plano, afetivamente falando, experimentamos as piores sensações e damos vazão às reações mais extremadas! Tire um tempinho para pensar nisso...